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quinta-feira, 3 de maio de 2012

"Noites acompanhadas de lembrança"


Por: Cesar Amorim






"É noite de terça feira, 03 de fevereiro de 2009, uma daquelas noites que o sono se encontra viajando por lugares longínquos, o frio de um início de inverno nos trás a mente lembranças de um passado não muito distante, mas que parece uma eternidade, insegurança e ao mesmo tempo esperança quanto ao futuro, uma noite daquelas que sinto o famoso “banzo” (saudade da terra natal, de minha querida terrinha Antônio Martins) conhecido por todos que um dia passaram por uma república de estudantes.

Eis-me aqui, em uma situação daquelas que me falta inspiração para dormir. São nessas noites que me vêem com maior ímpeto a saudade de meu Pai, são nessas noites que a saudade se mistura com lagrimas e juntas caminham pelo infinito e profundo de minha memória, tomando forma ortográfica e escorrendo lentamente por esse teclado do notebook.

Em cada foto olhada, em cada trecho de suas poesias que leio passeia em minha lembrança as imagens daquela madrugada de 12 de dezembro de 1998, lembrança de cada rosto triste que ali estava torcendo por um milagre e, ao mesmo tempo preparando-se para se despedir daquele valente ser humano que ali já carregava 02 (dois) anos de quimioterapia intensa, dois tristes anos de tentativas e reações contra um câncer pulmonar que parecia estar prestes a alcançar seu objetivo, tragar o ultimo suspiro do meu herói.

Cada rosto presente naquela madrugada representava um pedaço daquela vida que lentamente se despedia, pessoas que conviveram na infância, outras que o acompanharam de perto em sua juventude poética, algumas que viveram e partilharam à maturidade de um homem que se entregou de corpo e alma a vida pública, sertanejos que viam partir naquele momento um servo leal da justiça e do bem comum, e o pior, sem poderem fazer absolutamente nada...

Viam ir-se embora um homem público que um dia representou seus anseios e petições, pessoas amigas que prestavam solidariedade, mas que também necessitavam solidariedade. Enfim, dentro de mim tudo se resume em uma só palavra: Lembrança...

No meio dessa viagem pelo intervalo de dez anos, surgem muitas interrogações, um infinito de “porquês” e “serás” tomam conta de minha pobre mente; O porquê dessa trajetória sem ele? O porquê de sua partida? Será que deu tempo cumprir sua missão? Será que pretendia chegar mais longe?Será que era o destino (Se é que o destino existe)? Etc, etc e tal... Interrogações que flutuam sobre mim como ondas caminham sobre o imenso, mágico e assombroso oceano. Interrogações que somente a eternidade vai tratar de responder...

“... Um dia a gente chega e no outro vai embora [...] Cada um de nós compõe sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz...” (Almir Sater)



Cesar Amorim – Estudante de Direito pela UERN/ Professor de História do Brasil
Direitos Reservados: Os textos podem ser reproduzidos, desde que citados o autor e a obra (Código Penal, art.184; Lei 9610/98, art. 5° VII).

Um comentário:

  1. César vc continua com essas histórias do seu pai, já estou sabendo que tem participação no blog,va crescer anão de jardim sei que seu pai foi um bom educador mas nossos pais infelizmente não são culpados pelas burrices dos nossos filhos vc ainda é um moleque que não cresceu deixe a vida de Zé Júlio em paz criança.

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